Cheiro de fezes estimula a inteligência

Se fosse para causar polêmica, eu abriria este artigo com uma manchete idiota:

“Cheiro de fezes estimula a inteligência”

ou “Lavar banheiro ajudou jovem a passar na USP”

Contudo correria o risco de ver um monte de idiotas cheirando latinhas de exame…

Na verdade esses títulos não traduzem, nem de longe, a jornada que levou um jovem de origem humilde a passar com distinção e louvor no vestibular de Medicina da USP e na Federal do Paraná UFPR.

Aliás, a história desse jovem é um tapa, bem dado, na cara das pessoas que vivem arrumando desculpas para tudo. Quer descobrir por que?

Continue lendo este artigo…

“Eu quero estudar Medicina” – foi o que decidiu o jovem Guilherme Nobre, de 19 anos, durante as idas e vindas aos consultórios médicos acompanhando o pai, que sofria de hidrocefalia.

Para ser aprovado no curso de Medicina da USP, ele trabalhou como faxineiro em troca de uma bolsa de estudos num cursinho particular. Fora isso, nas horas de folga (que ele poderia perfeitamente dormir ou ficar curtindo postagens na internet) estudava dentro do banheiro do posto de combustíveis onde sua mãe trabalhava como frentista.

Guilherme é a personificação do ditado que diz…

“Quem quer faz, quem não quer arruma desculpas”

Pessoalmente, acho que muitas pessoas irão dizer que o comportamento do Guilherme é  inadequado, desrespeitoso e cruel. Por que? Simples, ao trabalhar de faxineiro para pagar os estudos e montar seu escritório num banheiro público fedorento, ele derruba impiedosamente os argumentos de quem só reclama e procrastina.

“Eu não tenho tempo para estudar”.

“Eu não tenho um lugar adequado para estudar”.

“Eu não tenho dinheiro para pagar cursinho”.

“Eu blá, blá, blá…”

Seria humilhante conhecer a história desse jovem e mesmo assim continuar reclamando que não dá para vencer através dos estudos.

Se o exemplo desse cara não inspirar você a “levantar o traseiro gordo da cadeira” (desculpe, estava esperando uma oportunidade de usar esse jargão) e começar a lutar agora mesmo por seu ideal de vida, então é melhor jogar essa toalha seca (sem uma gota do seu suor), mudar os planos e…  ver se tem um post novo da Anitta na Internet.

Dito isto, continuemos com as explicações…

Para começar, o Guilherme praticamente acordava, tomava café, almoçava e jantava livros. Ou seja, ele frequentava colégio pela MANHÃ, curso técnico de TARDE e cursinho preparatório de NOITE. Aqui ele já derruba as crenças de muitos estudantes:

“Estudar demais é cansativo…”

“Se eu estudar demais ficarei louco…”

“Não dá pra estudar matérias diferentes todos os dias…”

Sinceramente, com tanta responsabilidade eu fico aqui tentando imaginar como devia ser divertida a semana de provas desse cara… (estou sendo irônico, ok?)

Além de passar o dia inteiro aprendendo, nos intervalos entre as atividades, ele ia para o posto de combustíveis onde sua mãe trabalhava como frentista, tomava banho e se instalava em seu escritório (o banheiro) onde passava horas estudando sem se distrair com os odores característicos do local.

Era um ótimo exemplo de administração e bom aproveitamento do tempo.

Quando fui convidado a falar num Congresso de Geriatria, em Portugal, tive o prazer de conhecer alguns pais e estudantes.

Além de frequentar a escola em período integral, eles aproveitavam as férias para aprender coisas diferentes em cursos extracurriculares. Portanto havia neles um reconhecimento notório do valor do estudo multidisciplinar.

Jovens como o Guilherme deveriam ser a regra no Brasil, só que eles são exceção. No Brasil, quando um jovem manda bem nos estudos e passam em primeiro lugar no vestibular, na OAB ou num concurso, ele vira manchete de jornal.

Aliás, se pudéssemos serrar a cabeça do Guilherme e olhar seu cérebro com uma lupa, provavelmente não iríamos encontrar nenhuma atividade neural extraordinária, apenas o registro de um jovem que ralou pra caramba para conseguir melhorar seus resultados.

Um garoto que provavelmente engoliu muitos sapos, experimentou a humilhação, abriu mão de fazer muitas coisas para se manter concentrado na realização de um sonho.

Posso apostar que em alguns momentos ele pensava assim:

“Dane-se para o fato de eu estudar dentro de um banheiro. É uma situação temporária. Sei que virá algo melhor no futuro.”

Ou,

“Qual é o problema de trabalhar como faxineiro limpando o chão, recolhendo o lixo e lavando os banheiros do cursinho? Vergonha seria roubar!”

Digo isso, porque eu, particularmente, já passei por situação equivalente quando trabalhava sozinho numa suja, empoeirada e falida loja de peças de trator.

Alguma coisa dentro de mim dizia que aquele não era meu futuro, era parte da jornada de crescimento que eu deveria passar e por isso dali eu deveria tirar algum aprendizado. Assim eu o fiz…

Como os clientes nunca apareciam eu gastava meu tempo lendo todos os livros que apareciam na minha frente. Foi uma fase rica de aprendizagem que despertou meu interesse pela escrita.

Hoje sou autor Best Seller com oito livros publicados, ou seja, tudo o que acontece com a gente, todas as experiências, sejam boas ou ruins, são como partes de um quebra cabeça chamado vida.

Falando em quebra cabeça, você se lembra do senhor Miyagi, mentor do jovem Daniel San no filme Karate Kid?

Pois é…

O Guilherme também encontrou um mentor em sua jornada rumo ao vestibular de Medicina. Na verdade uma mentora. Ele gostou do jeito de ensinar da professora Eliane Limonti, proprietária de um cursinho preparatório. Só tinha um problema: ele não tinha dinheiro para pagar!

Diante da triste constatação, estudantes comuns “iriam enfiar o rabo no meio das pernas” e sairiam lamentando que as melhores oportunidades são para os mais ricos.

Mas Guilherme não viu a falta de grana como obstáculo. Ele topou trocar a mensalidade por serviços de limpeza.

Claro que mentores são sempre bem vindos. Isto é, eles podem surgir em nossas vidas na forma dos nossos pais, parentes, patrão, amigos… mas precisamos ter humildade e enxergar as lições que eles nos transmitem de formas muitas vezes estranhas e indiretas.

A humildade era a grande virtude do Guilherme. Como dizem os sábios:

“Quando o discípulo está pronto o mestre aparece”

Parafraseando o filme Karatê Kid – A Hora da Verdade, fico imaginando senhora Eliane Miyagi passando as tarefas recheadas de segundas intenções para o Daniel Guilherme San:

“Jogue o lixo!” equivaleria a

“Jogue fora as coisas erradas que você aprendeu.”

“Passe o pano!” equivaleria a

“Limpe bem os solos da memória que receberão novos conhecimentos.”

“Arrume o armário!” equivaleria a

“Organize na mente as novas informações que você está aprendendo.”

O sonho de ser médico era maior do que as dificuldades que ele ainda enfrentaria.

Quando sua avó de 84 anos sofreu um AVC que a deixou seis meses desacordada, Guilherme foi obrigado a passar muitos dias como acompanhante no hospital. Sim, eram momentos difíceis, que ele também aproveitava para mergulhar nos estudos.

Três dias antes de fazer o Enem, a avó faleceu. Ou seja, mais uma provação para nosso jovem herói que fez a prova com a crença de que sua avó, agora do lado de lá, o ajudaria.

No final de janeiro, após se inscrever pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Guilherme soube que tinha passado em medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Dias depois, após se inscrever na USP de Ribeirão Preto, e acompanhar a lista diariamente, ele viu seu nome em quarto lugar dos aprovados em medicina. “Senti como se eu tivesse ganho na loteria”, brinca.

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Dizem que “para acertar o céu nós precisamos mirar as estrelas”.

Guilherme diz que não esperava ir tão longe ao ser aceito na USP.

“Eu até esperava passar em outra faculdade” – disse. “Mas aí percebi que havia estudado para uma USP. Meus pais ficaram muito felizes. Foi emocionante ver que a batalha deles valeu a pena e saber que poderei fazer a diferença na vida das pessoas.”

Eu quis contar a história do Guilherme para você, porque estou sempre cercado por estudantes que me procuram pedindo métodos de estudo e memorização, dicas, conselhos, macetes para passar no vestibular.

Sem dúvidas, as vezes penso em ter comigo uma caixa de lenços, porque são jovens saudáveis, com tempo disponível, muitas vezes com recursos financeiros, mas que não tem o ingrediente principal…

Por mais que a gente tenha um trabalho de qualidade, o segredo do sucesso nos estudos é um conjunto de ferramentas que envolve garra, força de vontade e disciplina nos estudos.

Não importa se a vida vai lhe oferecer uma sala silenciosa num prédio da Avenida Paulista ou um banheiro do posto de gasolina, o que importa é ter uma mente forte, blindada contra a tentação de desistir e sair da zona de conforto.

Espero que você tenha gostado dessa história e que ela sirva de inspiração para você e outras pessoas. Compartilhe agora com seus amigos para que ela também contagie outros corações.

Se você permitir que eu seja o seu mentor em sua jornada de estudo, acesse o meu site (CLIQUE AQUI) e conheça as diversas maneiras pelas quais eu posso lhe ajudar em sua missão.

Se quiser deixar um comentário abaixo, sinta-se à vontade.

Um forte abraço,

Renato Alves – Escritor e Recordista Brasileiro de Memória.

16 Comentários


  1. Meus sinceros parabéns ao Guilherme pela força e garra!
    Renato Alves ganhou mais uma fã e admiradora de seus princípios
    Att
    ADRIELLY

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  2. Obrigada Renato, por compartilhar este exemplo de vida e superação, já o tinha como um exemplo e você vem e nos apresenta outro,isso é muito bom porque nos faz pensar no tempo que já perdemos e naquele em que ainda podemos ganhar.Parabéns!

    Responder

    1. Fico feliz em ver que o artigo lhe serviu de inspiração, obrigado pelo feedback 🙂 Abraços!!

      Responder

  3. Fosse nos Estados Unidos, certamente, seria fonte de inspiração para livro ou filme.

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  4. Diante de tanta coisa (negativa) acontecendo em nosso país, isso é como colírio em nossa alma. Exemplo de vida a ser seguido.

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  5. Caro Renato boa tarde,

    Você já é meu mentor. Temos uma longa caminhada juntos e você será citado em meu agradecimento da conclusão do curso de engenharia civil que eu ainda vou começar.
    Pode anotar aí! Essa é mais uma bela e inspiradora história da vida real de alguém que trabalha por um futuro melhor, dele, dos seus agregados e da sociedade como um todo.
    Haja visto a profissão e está abraçando.

    Sem sombra de dúvida um exemplo a ser seguido.

    Abraço Renato, sucesso!

    Marco Oliveira

    Responder

    1. Fico muito feliz e honrado em ler isso Marco. Espero que tenha uma carreira de sucesso e cheia de aprendizados. Obrigado por todo carinho, abraços 🙂

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  6. Obrigado, Renato, por compartilhar essa nobre estória. Não há dúvidas de que ela nos convida a uma forte reflexão.
    Parabéns pelo seu trabalho.

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